Informações às famílias

Tratamento Baseado na ReST (Rapid Syllable Transition Training) Transição Rápida de Sílabas

Informações aos cuidadores

O que é o Tratamento Baseado na ReST (Rapid Syllable Transition Training) e Transição Rápida de Sílaba (TSR)?

O  ReST é um tratamento baseado em evidências para o tratamento de crianças com apraxia de fala na infância ou disartria. Ambos são Transtornos Motores de Fala, em que as crianças sabem o que querem dizer, mas não conseguem planejar os movimentos necessários para produzir fala

O tratamento ReST usa pseudopalavras – palavras não reais, mas não têm nenhum real significado. Isso permite que as crianças se concentrem em seus movimentos, diminui a necessidade de trabalhar com palavras que já possuem erros, e permite que os terapeutas criem palavras específicas para as necessidades de cada criança. As pseudopalavras são projetadas para ajudar as crianças a coordenar os movimentos entre as sílabas em palavras (e frases) longas. Exemplos são: “bakuni” com batidas fraco-forte-fraco e “kuladi” com batidas forte-fraco-forte. As crianças aprenderão a dizer os sons corretos, com o acento correto (ritmo da fala/acentuação/prosódia) e a coarticular suavemente (para juntar todos os sons fluentemente) – tudo ao mesmo tempo.

O ReST também é diferente de outros programas, pois ajuda as crianças a aprender novos movimentos de fala. As crianças recebem apoio e ajuda para dizer as novas pseudopalavras corretamente no início da sessão; no entanto, uma vez que elas podem fazê-lo, passam a maior parte da sessão em uma fase de prática (ou uma rodada rápida), na qual eles dizem cada palavra uma vez e recebem feedback  de resultado (certo/errado). Isso ajuda a criança a aprender a fazer esses movimentos rapidamente em contexto de fala e a transferir suas habilidades para palavras reais.

O Tratamento ReST funciona?

Até o momento, existem diversos estudos de tratamento publicados em revistas científicas, nos quais os especialistas revisaram os resultados. Os fonoaudiólogos são responsáveis por administrar o tratamento para que a terapia funcione. Todos os estudos mostraram melhorias grandes e significativas na capacidade das crianças em pronunciar as pseudopalavras corretamente, mas também melhorias de moderadas a grandes em dizer melhor suas palavras reais do dia a dia seguindo o programa!

Um estudo de controle randomizado mostrou efetividade para crianças de 4 a 12 anos (Murray, McCabe e Ballard, 2015). O tratamento funciona melhor em um bloco intensivo, portanto, 4 dias por semana durante 3 semanas (Murray et al., 015) ou 2 dias por semana durante 6 semanas (Thomas, McCabe e Ballard, 014). Também pode funcionar em teleatendimento, por exemplo, por Skype ou FaceTime) (Thomas, McCabe, Ballard e Lincoln, 2016). Na pesquisa, a terapia não envolveu a prática domiciliar, pois é difícil para os cuidadores assumirem o papel de terapeuta e identificarem se a criança produziu corretamente a pseudopalavra, por esse motivo, é incomum que alguma prática domiciliar seja fornecida.

Para o Português Brasileiro, diversas pesquisas estão sendo realizadas e, em breve, será disponibilizada neste site.

O que acontece em um bloco de terapia?

Um bloco de terapia é composto por 12 sessões, realizadas 4 dias por semana durante 3 semanas ou 2 dias por semana durante 6 semanas. Cada sessão de tratamento é de 45-60 minutos de duração.

A estrutura de cada sessão de terapia é a mesma. Seu filho entrará na sala e poderá receber uma rotina visual mostrando as tarefas que ele precisa concluir na sessão. Eles começam aprendendo a dizer as pseudopalavras. Durante esta parte da sessão, aliada ao treinamento, o terapeuta os ajudará a pronunciar as palavras, oferecendo feedback sobre o que devem mudar ou o que especificamente foi feito de forma correta. Assim que seu filho acertar 5 produções corretas, ele terá uma pausa de 2 minutos para brincar. O restante da sessão é composto de blocos de prática e intervalos de 2 minutos. Geralmente há 5 blocos de prática em cada sessão (para que seu filho diga 100 palavras em uma sessão!) com intervalos de 2 minutos entre cada bloco de prática.

Em cada bloco de prática, seu filho dirá 20 pseudopalavras, com uma tentativa para cada. O terapeuta fornecerá feedback certo/errado (por exemplo, sim/não, isso mesmo!/não foi dessa vez…) para seu filho após um atraso de 3 segundos. O terapeuta dará feedback ao seu filho sobre algumas, mas não todas as palavras em cada bloco. É aqui que seu filho aprende a dizer palavras com sons corretos, acentuação (prosódia) e a coarticular os sons suavemente (unidos e fluentes) tudo ao mesmo tempo e com cada vez menos ajuda do terapeuta.

É muito comum que as crianças:

  • Errem mais nas sessões iniciais. As pseudopalavras são selecionadas para serem desafiadoras para a criança, e não há problema em que a criança faça muitas sessões até aprender a pronunciar as palavras.
  • Para obter algumas partes da palavra corretas (por exemplo, sons) e outras partes incorretas (por exemplo, batidas e suavidade). Às vezes, eles se concentram em uma parte e cometem um erro em uma parte que poderiam fazer anteriormente. Esta é uma parte normal do aprendizado de uma nova habilidade motora da fala e, durante o bloco de tratamento, eles praticarão a capacidade de acertar todas os aspectos de uma palavra ao mesmo tempo. Às vezes, isso pode ser frustrante para você e para a criança, mas faz parte da jornada para mudar a fala cotidiana.

O ReST vai funcionar para o meu filho?

O ReST mostrou-se efetivo em crianças de 4 a 13 anos com apraxia de fala infantil leve a grave, e em crianças mais velhas com disartria mais leve, em que o foco está nos acentos ou no ritmo da fala. Por favor, discuta com seu fonoaudiólogo se seu filho seria o caso adequado. Uma avaliação é necessária para determinar se seu filho tem apraxia de fala na infância ou disartria atáxica e, em caso afirmativo, se este ou outro tipo de terapia seria mais adequado às necessidades de seu filho no momento.

Para obter mais informações e discutir se este tratamento é adequado para o seu filho, entre em contato com um fonoaudiólogo próximo à você e sinta-se à vontade para compartilhar este folheto, ou a Lista de Verificação de Prontidão do TSR, e visitar nosso site: https://rest.paginas.ufsc.br/.

Referências

BALLARD, K. J., ROBIN, D. A., MCCABE, P., & MCDONALD, J.. A Treatment for Dysprosody in Childhood Apraxia of Speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, v.53, n.5, p.1227-1245, 2010.

MCCABE, P., MACDONALD-DASILVA, A., VAN REES, L., ARCIULI, J., & BALLARD, K. Using orthographic cues to improve speech production in children with & without childhood apraxia of speech. Paper presented at the Motor Speech Conference, Savannah, Georgia, USA, 2010.

MURRAY, Elizabeth; MCCABE, Patricia; BALLARD, Kirrie J.. A Randomized Controlled Trial for Children With Childhood Apraxia of Speech Comparing Rapid Syllable Transition Treatment and the Nuffield Dyspraxia Programme–Third Edition. Journal Of Speech, Language, And Hearing Research, [S.L.], v. 58, n. 3, p. 669-686, jun. 2015. American Speech Language Hearing Association. http://dx.doi.org/10.1044/2015_jslhr-s-13-0179. 

THOMAS, Donna C.; MCCABE, Patricia; BALLARD, Kirrie J.. Rapid Syllable Transitions (ReST) treatment for Childhood Apraxia of Speech: the effect of lower dose-frequency. Journal Of Communication Disorders, [S.L.], v. 51, p. 29-42, set. 2014. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcomdis.2014.06.004. 

THOMAS, Donna C.; MCCABE, Patricia; BALLARD, Kirrie J.; LINCOLN, Michelle. Telehealth delivery of Rapid Syllable Transitions (ReST) treatment for childhood apraxia of speech. International Journal Of Language & Communication Disorders, [S.L.], v. 51, n. 6, p. 654-671, 10 maio 2016. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/1460-6984.12238.

Para mais informações

Dra Aline Mara de Oliveira

aline.mara.oliveira@ufsc.br